Recentemente o portal Meio e Mensagem publicou uma matéria intitulada “Demita seus jornalistas que meu software resolve pra você”, se tratando de um sistema chamado WordSmith. Basicamente o trabalho deste é gerar notícias, mais rápido do que um jornalista faria. O título da matéria chama a atenção para um fato que pode acontecer mais breve do que imaginamos.
A profissão já passou por algumas boas nesse mundão. Há quem acredite que não é necessário o diploma, ou ser formado na área, que jornalismo é coisa que já se nasce sabendo, que é só preciso saber escrever. O mais interessante é que esse tipo de opinião vem de quem nem atua na área. Mal sabem eles que muitos meios de comunicação só sobrevivem porque há um jornalista de verdade lá dentro, e jornalista de verdade é bicho bravo, como um dia ouvi dizer.
O futuro do jornalismo vem sendo discutido há muito tempo, mas saibam vocês senhores, que se depender de nós ele não morre, aliás vão é sentir falta do jornal impresso no café da manhã, de uma boa reportagem e de notícias esclarecedoras, porque máquinas e softwares não se comparam ao talento humano. Pelo contrário, elas geram notícias em quantidade e a qualidade, acredito que fica em dúvida. Mas pensar no futuro do jornalismo é pensar o modo como os acontecimentos serão tratados.
Grande parte deste questionamento é causado pelo dinheiro. O papel ficou mais caro, os profissionais sabem o seu valor, tanto é que os Fotojornalistas passaram a ser substituídos por câmeras entregues aos repórteres, nem sempre a foto é boa ou transmite o real valor da situação. Quem não vive nesse meio talvez não faça ideia da quantidade de repórteres fotográficos que foram demitidos, mas deve ter percebido que “essa foto não condiz com a matéria”. Cada profissional sabe atuar na sua devida área e é assim que funciona o mundo.
Mas parece que grandes jornais dos EUA como o Washington Post e New York Times estão adaptando a ideia de usar o WordSmith. Em partes podemos defender o caso a partir da quantidade de matérias que são necessárias para alimentar tantas redes sociais criadas hoje em dia. Mas já percebeu que a mesma informação, algumas vezes desenvolvida pelo mesmo jornal, corre em diversos meios de comunicação? Você lê a mesma matéria duas ou três vezes por dia achando que vai encontrar algo novo.
Talvez o modo como as notícias são feitas seja reinventado, talvez grandes agências de notícias do mundo passem a usar esse software, mas talvez isso seja colocado de lado e o verdadeiro teor do jornalismo prevaleça. O pacote básico deste programa custa US$ 1.000,00 por mês, parece caro no meio desta crise que estamos vivendo, mas a longo prazo ele acaba saindo mais barato que o salário de vários jornalistas juntos. Fora que se tratando de software não precisam nem estar presentes em alguma redação, eles vivem nas nuvens. Esperança é a última que morre e esperamos que o jornalismo também.
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