O marketing digital e a comunicação estão intimamente ligados com a filosofia e sociologia. Engana-se quem acredita que esta é uma área apenas de criação e estratégia, é preciso analisar o mundo ao nosso redor para colocar em prática alguns planos e teorias. Um grande filósofo que muito agregou ao marketing foi o polonês Zygmunt Bauman, que faleceu no começo deste ano, aos 91 anos.
Quando profissionais da área falam sobre o comportamento nas redes sociais Bauman é lembrado por suas teorias. O filósofo é o criador do conceito “Modernidade Líquida” que trata sobre as relações humanas, que em meio a tanta tecnologia e facilidade de comunicação, tornam-se voláteis.
“Em uma vida moderna líquida não há laços permanentes, e qualquer coisa que seguramos por um tempo deve ser amarrada vagamente para que os laços possam ser desatados novamente, tão rápido e tão facilmente quanto possível, quando as circunstâncias mudarem”.
Há inúmeras entrevistas de Bauman que podem ser encontradas na internet e em uma parcela delas o filósofo discorre sobre a era digital e o que pensava sobre o assunto. Assim muitos dos argumentos de Bauman nos fazem analisar sobre o mundo digital em que vivemos, e para quem trabalha nesta área nada mais importante do que um estudo aprofundado. Afinal, as relações humanas se dão, hoje, mais pelos meios virtuais do que pessoalmente.
Entre palestras e entrevistas Bauman expunha seus pensamentos sobre o mundo digital. Certa vez declarou que “um viciado em Facebook me confessou que se gabava de fazer 500 amigos em um dia, eu disse que tinha 86 anos e nunca cheguei a ter 500 amigos”. O que nos faz pensar que as relações nas redes sociais são tão artificiais e podem ser quebradas com apenas um clique, porém há pessoas que usam de números como esse, a quantidade de amigos, para gabar-se. O que nos faz pensar que a importância das relações de um indivíduo como esse é tão frágil e supérflua que não lhe interessa as relações físicas e sim as virtuais. É praticamente preferir a quantidade do que a qualidade. Mas as redes sociais fazem isso com algumas pessoas, a importância do número de seguidores importa acima de qualquer coisa. Algumas pessoas conseguem dobrar isso e fazer dele seu trabalho, outras não, usam apenas como vaidade.
Em uma entrevista para o jornal El País, Bauman declarou que “as redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia”. É muito fácil dialogar no mundo digital, é muito fácil entender de qualquer assunto, porque o campo de pesquisa está logo ali, e a pessoa com que você está interagindo não pode fazer leitura de suas expressões, portanto a demora em responder é “natural” o que leva a uma leve pesquisa. Além disso há tempo para pensar e responder, e há um cuidado para que não exista uma controvérsia, afinal o Google está logo ali e não se deixa enganar. Cabe aqui também, o fato de que é mais fácil criticar do que compreender. Ouvir nos dias de hoje já não cabe mais no pacote, já que o palanque está aberto a todos.
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